quinta-feira, 11 de junho de 2009

Muito femininas

As mulheres da música sempre me interessaram. Talvez tenha sido pela identificação vocal, já que sempre curti cantar...

Bem, hoje eu quero falar de duas cantoras que foram muito importantes pra mim num certo momento da vida, e às quais eu recorro sempre que estou pouco confiante sobre a minha feminilidade. Aparentemente, elas não têm nada a ver... Mas vou mostrar que há sim uma ligação entre elas. Eis as garotas de quem estou falando:




Janis Joplin, um símbolo dos anos 60 e 70, do estilo de vida livre e da liberação feminina. Ela começou como vocalista da 'Big Brother and the Holding Company', e acabou alcançando destaque não só por ser a primeira cantora branca daquele estilo musical variado do blues 'negro' (que veio a ser conhecido como Rock), mas por sua postura vocal forte e passional, diferente das divas que foram cultuadas até os anos 60. Janis estava longe do padrão de beleza. Não estava amarrada pelas convenções sociais na aparência, no modo de se vestir, se relacionar ou levar a vida. Mas na sua curta carreira de uns 4 anos, as letras das músicas que ela cantou eram em grande maioria tematizadas no amor fracassado, ou na vontade de encontrar o homem ideal.

Marilyn Monroe, por outro lado, foi considerada nos anos 50 a deusa da feminilidade e do glamour. Como símbolo de beleza e sensualidade, ela escolheu não ter o direito de estar despenteada, de engordar, de ficar flácida. Não podia se dar ao luxo de não sorrir. Mas as letras de suas músicas brincavam exatamente com esse status de diva, e com o absurdo social que faz com que uma mulher bonita e sexy possa fazer os homens se curvarem aos seus pés, ter dinheiro e fama e ainda assim, se sentir solitária. Ela cantava o sarcasmo e a ironia, mas o sorriso perfeito e a sensualidade da voz e do corpo mascaravam esse sarcasmo, de modo que todos só viam a aparência, a perfeição material.

Se eu perguntar às pessoas hoje, a maioria taxará a Marilyn como o símbolo da futilidade, enquanto que Janis será vista como o símbolo da liberdade, do pensamento "pra frente". Para mim, as duas são opostas sim, mas somente na forma como trabalharam o mesmo sentimento, o sentimento feminino. Enquanto Marilyn se enquadrou na forma cnvencional e deu às letras o tom crítico, Janis libertou a forma, mas mantinha nas letras um sentimento e uma expectativa feminina convencionais.

Eu adoro as duas, cada uma a seu jeito. Mas qual será mais moderna, mais livre? A mulher que se veste e age como achar melhor, sem se curvar a morais cristalizadas, mas lá no fundo sofre e precisa de um homem para se sentir feliz? Ou aquela que se encaixa no que se espera dela, mas reconhece na sociedade a hipocrisia de cultuar a beleza feminina e dar o poder aos homens?
Ironicamente, hoje sabemos que nenhuma das duas era tão bem resolvida... Ambas mor
reram por overdose, uma de heroína, a outra de calmantes, e ambas numa fase em que por fora mostravam sucesso e energia, mas por dentro, estavam cheias de angústia.

É meninos, é difícil ser mulher.

Bom, aqui vão algumas músicas que gosto de cada uma:

Marilyn Monroe
- My Heart Belongs to Daddy: essa música super gostosa e divertida foi gravada por outras divas, incluindo, por exemplo, Billie Holiday. A composição original é de Cole Porter, mas a versão mais legal é a da Marilyn. Pra quem não sacou, 'daddy' é o amante, o 'coronel' que dá à moça uma vida de luxo em troca de favores sexuais. É uma espécie de gíria em inglês ;)
- Diamonds are a girl's best friend: essa é muito sarcástica, repara na letra!


Janis Joplin

- Rollerskater song: música muito pouco conhecida, mas super fofinha, e apesar de parecer muito inocente tem uma letra bem significativa. Não liguem pras imagens do vídeo, foi o único que achei (e eu infelizmente não tenho mais o mp3 =( )
- Me and Bobby McGee: acho linda a letra dessa música... Talvez um dia volte a falar dela


EDIT: tem um resumo biográfico da Janis nesse link, pra quem se interessar


Passei um tempão achando que a Janis tinha mesmo feito uma gravação de White Rabbit (Jefferson Airplane), e se ouvir a música é muito a voz dela mesmo. Recentemente procurei bastante na Internet e todo mundo diz que não tem nada a ver, que aquela é a Gracie Slick (?). Uma pena, eu adoro White Rabbit, era uma das minhas favoritas "da Janis"... Que agora não é mais da Janis =P

Bom, e aí pessoas? Vocal feminino lembra o que? Façam seus posts ;)

6 comentários:

  1. Ai Caramba...

    Putz, não me faz uma pergunta dessas Carol... É dar corda preu me enforcar e não terminar de escrever a tese... :-p

    Comentarei mais longamente em breve, mas apenas quero deixar uma consideração à qual talvez você mesma, Carolex, possa responder:

    Uma vez que, na maioria dos casos, a Janis Joplin atuava como intérprete, ou seja, não sei se ela chegou a compor alguma(s) musica(s) que ela cantava, me perece meio arriscado considerar que ela passava uma imagem de livre e de libertária enquanto sofria pela falta de homem, até porque falta de homem, ela nunca teve, me parece, uma vez que tenho a impressão de que ela poderia ter a seu lado um grande número de homens, inclusive alguns que satisfizessem as expectativas que ela tinha com relação aos homens... A mesma coisa com mulheres, caso ela fosse, ou viesse a ser lésbica...

    Assim sendo, acho que, como a Carol colocou, o que faltava a esses dois ícones do século passado era o Amor. E não sei se era o Amor entre homens e mulheres, entre os membros de uma família, entre amigos ou o amor próprio, propriamente dito... Achoque era o pouco da cada um desses que, reunidos, formam aquilo que, generalizando, chamamos de Amor, o sentimento indefinível que cada um de nós vivencia, ou não, muito particularmente.

    Enfim, já comecei a me enforcar. Hora de voltar à Tese...

    Beijo para as moças, abraço, tudo de bom e felicidades para todos nós.

    E até mais.

    De seu amigo,

    Renato F.C..

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  2. Opa, Renato!

    Talvez eu devesse ter escrito 'precisa DO AMOR de um homem pra se sentir feliz'. Ou simplesmente 'DO AMOR', como você disse, mas as letras das músicas que ela cantava quase sempre falam de um homem.

    Sim, Janis era bem mais 'performer' que compositora, mas participou sim na composição de alguma músicas, como "I Need a Man to Love" com Sam Andrew (que aliás, numa entrevista, contou que Janis pegava vários groupies masculinos =P). Se não me engano ela e Jimi Hendrix também tiveram um affair.

    Talvez na minha vontade de mostrar que Marilyn não era tão fútil quanto se pensa, eu tenha sido muito simplista com a Janis... Mas minha intenção não era sexista. Não quis dar a entender que mulheres modernas não devem precisar de homens, nem falar do que era a Janis na vida íntima, afinal ela não expunha seus sentimentos publicamente e, pelo que se sabe, saiu da depressão adolescente quando conseguiu chegar lá na música.

    Mas a escolha musical de um artista diz muito sobre suas idéias. A menos que sinta a pressão comercial de cantar o que vai vender - o que não parece ter sido o estilo dela até um ano antes de morrer - um intérprete canta aquilo com que se identifica, mesmo que esteja apenas contando a história de alguém. Tem que haver, em algum nível, uma verdade particular, e não acho que Janis teria cantado o tema (nem com tanta paixão) se não se identificasse com a falta de um relacionamento amoroso, romântico mesmo.

    O que quero dizer então, não é que Janis era uma conservadora enrustida e que precisava da figura masculina em si, mas que o sentimento romântico e o vazio sentido por não ter um relacionamento é algo estereotipicamente feminino, e bem convencional.

    Mas concordo que músicas como Turtle Blues tratam o tema de forma diferente...

    Aliás, preciso ler uma biografia da Janis!

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  3. Vocal feminino pra mim é Etta James e Aretha Franklin.
    Agora qto as mocinhas em questão: sempre tive um pé atrás com a Marilyn... talvez precise conhecer mais a obra fonográfica dela (só conheço a atriz). Eu não consigo ver autenticidade nela, entende? Estava sempre atras de toda aquela produção. Já a Janis ... que aquela mulher viceral, tão rock n roll que grita "...então pegue outro pequeno pedaço do meu coração agora, baby!". Ela tem essa coisa de se expor e acho louvável se mostrar humana, com defeitos e vontades.
    Adorei o post Carol!

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  4. mto bom mesmo Carol!!É mto legal qdo alguém me mostra uma relação entre duas coisas q aparentemente não têm a ver!! e mto inusitada essa comparação, yet very suitable.

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  5. Vocal feminino me lembra o Ataraxia, um banda de algo parecido com o tal do darkfolk q estávamos falando uns posts atrás. Mas a pegada deles tlavez seja mais neoclassical ("between sacred and profane, ethereal and neo-classical, contemporary and early music". They make researches into the European legends crossing the Greek and Latin myths).
    Isso pq a vocal é feminina, mas ela é uma contralto, realmente falando. Eu nem conheço tantas músicas deles, mas das q eu conheço, ela tem uma voz bastante potente, eu diria :D
    Acho q tem uma música dela naquelas q eu te passei na pasta do darkfolk!
    beijos e abraços a todos!!

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  6. Agora que já fugi da forca, posso responder a pergunta.

    Vocal feminino me lembra uma série de pessoas coisas:

    1- Minhas indefectíveis:

    Dulce Pontes
    Joss Stone
    Fiona Apple
    Candice Night
    Corinne Bailley Rae
    Regina Spektor
    Maria Rita (a cantora, e minha mãe, a cantora)
    Amy Winehouse (Eu gosto, e como diz a Carol, torce o nariz prá lá... ;-))

    2- Coisas da vida:

    Dor de cotovelo
    Coração partido
    Experimentação
    Lirismo
    Beleza
    Sensibilidade
    Poesia
    Prazer

    Enfim... Muitas das coisas mais significativas para mim, um hedonista.

    Beijo para as moças que cá estão, donas de belas vozes, abraço, tudo de bom e felicidades para todo mundo, epecialmente hoje que estou com felicidade para dar e vender. hahahahaha...

    De seu amigo, incrivelmente feliz,

    Renato F.C..

    P.S.: Aliás, quer sair da depressão ? Passa 3 anos fazendo mestrado com um orientador que só enrola, escreve uma tese que te suga até as últimas energias e entrega ela no último dia do seu último prazo estendido... Não tem deprê que resista a essa dose de alívio e alegria... b^_^d

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